No outro dia passeava pelas páginas da net quando deparei com uma verdadeira preciosidade. O site oficial do Zé Cabra. Não conhece? Não deixe devisitar e ouvir on-line as músicas que nos são propostas. O rapaz promete.
E com tanta música a soar aos ouvidos não podia esquecer-me do pimba. É um dos termos mais inteligentes que surgiram nos últimos anos, e como em tudo, o português imediatamente o adoptou na sua linguagem, usando o termo pimba para tudo e para todos.
Mas afinal o que é o Pimba, essa palavra tão ouvida e usada? Devemo-la a Emmanuel e a um programa-reportagem de um qualquer canal televisivo. Emmanuel cantou o ‘Rapazes da vida airada...’ e o pimba pegou.
Ele são os políticos pimba, nas palavras dos mais avisados comentadores políticos que agora fazem a sua apresentação nos ecrãs televisivos, ele é o Governo Pimba na voz dos da oposição, é o Estado Pimba que soa aos ouvidos de quem faz luta contra as medidas impostas, enfim, para tudo serve o pimba.
Este termo foi primeiramente aplicado para a música que se dizia popular, outro termo para o bem conhecido nacional-cançonetismo, dos tempos da velha senhora, e que afastava com as vozes da altura, os temores e desgraças da época. Passou-se depois para os cantares revolucionários, entoados por mil gargantas. Depois veio o tempo do romantismo com Marco Paulo, José Cid, Carlos Paião e as primeiras Pimbas sexy, as Doce. Quem não se lembra dos escândalos em redor deste grupo feminino e as letras, sempre tão cheias de significado.
De repente, a iluminação. Surge o Quim Barreiros a fazer as festas da aldeia e outros que tais, e a música Pimba salta para a ribalta. As letras agradam, falam de sexo (aquilo com que muitos que as ouvem apenas podem sonhar), de resmas de gajas boas, que acompanham os cançonetistas nas suas voltas por Portugal, ou de amores descabidos, abandonados que arrancam soluços dos peitos mais afoitos nestas andanças de amor. Falam ainda de já não ser criança, com uma voz capaz de fazer os gatos miarem em noites sem lua, ou de corações feitos de melão, ou melões que não sabem muito bem o seu lugar. Enfim, é a época gloriosa do pimba.
E como as televisões não querem perder a pedalada, vá de atirar com reis pimba, mades in pimba e outros semelhantes a tocar as raias da paranóia pimba. A acompanhar, vêem as revistas que fazem as entrevistas exclusivas com os autores, que mostram as casas, e pelo meio até dão umas receitas de culinária, de preferência dos pratos favoritos dos visados, porque isto de servir umas iscas à Ágata ou uns couratos acompanhados de música do Saul até dá outro gosto à vida. E nós pimba.
Maria do Carmo Torres / Site Mulher Portuguesa