Foi ao som da inconfundível 5.ª Sinfonia de Beethoven que Emanuel abriu, ontem à tarde, o seu concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
Um espectáculo que se propunha celebrar dez anos de carreira do "Rei da Música Popular Portuguesa" e que - apesar da introdução clássica e dos pequenos números de ballet que o pontuaram - mais pareceu um gigantesco bailarico de feira.
Depois dos Maxi (uma das bandas produzidas por Emanuel) terem feito as honras de abertura com temas telenovelescos como "Sonhos Traídos" ou "Anjo Selvagem", a festa arrancou a sério com Emanuel a cantar "ó sr. guarda, não leve a mal..." e duas meninas vestidas (ou despidas) de agentes da autoridade a dançarem ao seu lado.
Estava dado o mote da festa. O público que enchia o Coliseu (os bilhetes esgotaram pouco depois de terem sido postos à venda) começou a agitar-se nas cadeiras e a bater palmas, mas, à medida que o tempo avançava e a timidez era vencida, havia cada vez mais gente a levantar-se para dançar. A alegria, como toda a gente sabe, é contagiosa...
Entretanto, Emanuel - secundado pelos seus músicos - ia recordando alguns momentos-chave da sua carreira. Falou do período "pimba", entre 1994 e 97, e depois da sua opção pela música romântica.
Cantou temas que toda a gente conhece, como "Felicidade", "Vamos a Elas" ou "Rapaziada Vamos Dançar", e no resumo da matéria dada nem sequer se esqueceu do último álbum, já deste ano, do qual retirou "Picadinhas de Amor" ou "Meu Amor vem ter comigo", entre outros.
Também não se esqueceu de esbanjar o charme que o torna tão querido do seu público fiel. Maioritariamente feminino e de certa idade.
Ana Maria Ribeiro / Correio da Manhã, 20/10/2003
domingo, 22 de abril de 2012
terça-feira, 10 de abril de 2012
Zé Cabra no Técnico
É sexta-feira, a noite de excelência para sair em Lisboa, segundo Miguel, estudante de Agronomia. Na mesma noite acontece um concerto dos Silence Four, também enquadrado na Semana Académica, que se prevê retirar público aos concertos no Instituto Superior Técnico. Zé Cabra sobe ao palco cedo, talvez demasiado cedo, ainda não são onze horas. Antes disso esteve no bar VIP, onde cumprimentou patrocinadores e organização.
A assistência não é muita, apesar de o (curto) concerto se vir a revelar mais concorrido que o dos Kamasutra ou dos Kane. Entre os grupos que se aproximam do palco existe bastante espaço vazio, muitos estudantes não abandonaram as barraquinhas do arraial, conversando e namorando entre cerveja e shots, vendidos à dezena, a preço especial. Zé Cabra é recebido com boa disposição ("Ganda maluco!") e responde com um sonoro "Boa Noite Rádio Cidade", está visto que audiência oblige. O cantor veste um fato com faixa de lantejoulas encarnadas e a iluminação mostra um rosto cansado e olheirento. Movimenta-se agilmente por todo o palco ("Não metas, não metas, não metas coisas nessa cabecinha, não metas coisas que não são verdade."), e a assistência canta com ele, dando provas de conhecer as letras de cor.
O ambiente tem a mesma energia de um bailarico da aldeia, várias raparigas entram em sintonia com o momento e dançam entre si. Vêem-se alguns copos de cerveja e muitos, muitos caloiros. Demora tempo a chegar o habitual cheiro a erva, fumada algures, entre estes jovens de ar saudável e desinteressante, banais, limpinhos e simpáticos que não parecem perceber que, até há pouco tempo, esta mistura académico-pimba seria algo bem mais improvável. Mas o Big Brother está no ar e não há pudor cultural que lhes valha.
A temperatura sobe com a arrastada "Lágrimas" ("São Lágrimas, são lágrimas.") e o humilde pedido "Mãozinhas no ar, agradecia imenso!", que deixa Margarida, 20 anos, capaz de um desabafo para as amigas "Eh pá, isto é mesmo ridículo!". As três amigas, um dos muitos grupinhos de raparigas que pontuam por todo o recinto (ao lado de grupos similares, e maiores, exclusivamente do sexo masculino) são caloiras mas já perceberam que ".o Zé Cabra está cá só para pôr o pessoal a beber". Pelo que se pode ver, até este momento, o pessoal diverte-se comedidamente, pelo mais pueril divertimento de pular e gritar numa sexta à noite.
O cantor aplica-se ("Passa a noite comigo morena, vai valer a pena, vais ver o que tens andado a perder, sou o homem que te vai fazer mulher") e volta a pedir palmas para a Rádio Cidade. Uns minutos mais tarde é a vez da sua editora "Uma salva de palmas para a minha editora Espacial, é graças a eles e aos estudantes que estou aqui!". Uma boa média final, com cinco músicas para três agradecimentos. Democrático, ao bisar, Zé Cabra deixa aos estudantes a opção "Qual é que querem?" e regista que a música "Lágrimas" é o seu hit estudantil.
Joana Leitão de Barros / Oni, 18/05/2001
A assistência não é muita, apesar de o (curto) concerto se vir a revelar mais concorrido que o dos Kamasutra ou dos Kane. Entre os grupos que se aproximam do palco existe bastante espaço vazio, muitos estudantes não abandonaram as barraquinhas do arraial, conversando e namorando entre cerveja e shots, vendidos à dezena, a preço especial. Zé Cabra é recebido com boa disposição ("Ganda maluco!") e responde com um sonoro "Boa Noite Rádio Cidade", está visto que audiência oblige. O cantor veste um fato com faixa de lantejoulas encarnadas e a iluminação mostra um rosto cansado e olheirento. Movimenta-se agilmente por todo o palco ("Não metas, não metas, não metas coisas nessa cabecinha, não metas coisas que não são verdade."), e a assistência canta com ele, dando provas de conhecer as letras de cor.
O ambiente tem a mesma energia de um bailarico da aldeia, várias raparigas entram em sintonia com o momento e dançam entre si. Vêem-se alguns copos de cerveja e muitos, muitos caloiros. Demora tempo a chegar o habitual cheiro a erva, fumada algures, entre estes jovens de ar saudável e desinteressante, banais, limpinhos e simpáticos que não parecem perceber que, até há pouco tempo, esta mistura académico-pimba seria algo bem mais improvável. Mas o Big Brother está no ar e não há pudor cultural que lhes valha.
A temperatura sobe com a arrastada "Lágrimas" ("São Lágrimas, são lágrimas.") e o humilde pedido "Mãozinhas no ar, agradecia imenso!", que deixa Margarida, 20 anos, capaz de um desabafo para as amigas "Eh pá, isto é mesmo ridículo!". As três amigas, um dos muitos grupinhos de raparigas que pontuam por todo o recinto (ao lado de grupos similares, e maiores, exclusivamente do sexo masculino) são caloiras mas já perceberam que ".o Zé Cabra está cá só para pôr o pessoal a beber". Pelo que se pode ver, até este momento, o pessoal diverte-se comedidamente, pelo mais pueril divertimento de pular e gritar numa sexta à noite.
O cantor aplica-se ("Passa a noite comigo morena, vai valer a pena, vais ver o que tens andado a perder, sou o homem que te vai fazer mulher") e volta a pedir palmas para a Rádio Cidade. Uns minutos mais tarde é a vez da sua editora "Uma salva de palmas para a minha editora Espacial, é graças a eles e aos estudantes que estou aqui!". Uma boa média final, com cinco músicas para três agradecimentos. Democrático, ao bisar, Zé Cabra deixa aos estudantes a opção "Qual é que querem?" e regista que a música "Lágrimas" é o seu hit estudantil.
Joana Leitão de Barros / Oni, 18/05/2001
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