terça-feira, 8 de março de 2011

Luis Manuel

Luís Manuel comemora vinte anos de carreira junto das comunidades

Luís Manuel é natural de Ferreira do Alentejo, distrito de Beja, e muito novo emigrou com os seus pais para o Luxemburgo. Aos vinte anos de idade formou o grupo musical "Os Apolos", para 8 anos mais tarde ser convidado a gravar o seu primeiro trabalho a solo. Na sua carreira já foi premiado com dois discos de Ouro, dois de Prata e um de Platina.

Gazeta Lusófona - Faz-nos uma retrospectiva sobre os teus vinte anos de carreira?
Luís Manuel - Devo dizer que são vinte anos de estrada, vinte anos de gravações, vinte anos de produção e, essencialmente, vinte anos a gravar músicas para todo o género de público. Como tal, foram muito positivos. É um marco na minha carreira que não se comemora todos os dias. Estamos a preparar uma tournée que irá abranger as comunidades portuguesas de França, Suíça, Bélgica, Luxemburgo e Alemanha.

GL - Qual foi o momento mais alto nestes vinte anos de carreira?
LM - O momento que mais me marcou foi quando recebi o meu primeiro disco de prata. Depois desse, recebi dois de ouro e um de platina. No entanto, devo reconhecer que o primeiro deixou uma marca muito especial.

GL - É difícil para ti conseguir as canções para os teus trabalhos?
LM - Não é muito difícil porque eu já tenho um nome bem implantado no mercado. Eu tenho bons compositores a escreverem para mim. Depois, eu também componho temas e já fui músico. Fui baterista e toco guitarra. Ou seja, não dependo necessariamente de terceiros. No entanto, existem sempre talentos que compõem boas músicas, como o Ricardo Landon e o José Félix.

GL - Há uns tempos atrás o termo “Pimba” era muito falado e comentado. Que é que tens a dizer sobre isto?
LM - É como em tudo na vida. A música não foge à regra. Aproveitaram o sucesso do Emanuel para o chamado “Jet Set”, que antes chamava às músicas que não gostavam de “pirosas”, para passarem a chamar de “Pimba”…

GL - Afecta-te de alguma maneira se chamarem à tua música de “Pimba”?
LM - Não. Cada um ouve o que quer. Mas aquilo que eu sei é que se organizarem dois espectáculos, um de música clássica com o maestro Vitorino de Almeida e outro com um Roberto Leal, por exemplo, para não mencionar outro, eu tenho quase a certeza que o maior sucesso é o concerto do Roberto Leal e não o do maestro. E depois não se trata de música “Pimba”, mas sim de música ligeira portuguesa que tem o seu espaço e o seu público. Isto é que é a grande verdade… Vejam quem participa no Natal dos Hospitais? O maior número é artistas da música ligeira portuguesa. São eles que muitas vezes dão a cara para muitos espectáculos de beneficência e não só.

GL - Como é que estamos com novos temas? E ainda sentes que tens inspiração para compor?
LM - Existem sempre momentos especiais nos quais nos sentimos bem para compor e aí sai sempre algo, que depois pode ser do agrado do público ou não. Mas uma pessoa sente o que as pessoas desejam ouvir e sentir. Depois, tudo é a sequência de continuar a ter espectáculos e os meus cd’s continuarem a vender. E a prova disso é o meu último trabalho “Loucuras de amor”, estar a vender muito bem. Por exemplo, hoje estou aqui, amanhã, domingo, pela tarde vou estar na Anadia e à noite em Pombal. Ou seja, é o reconhecimento dos longos anos de carreira. A música popular portuguesa está no bom caminho, como é o caso do Tony Carreira.

GL - É importante para vocês este contacto com as comunidades?
LM - Olha, eu sou capaz de dar uma importância maior porque eu senti na pele o que é ser emigrante. A maior parte da minha vida vivi no Luxemburgo, onde estive 18 anos e depois vivi 8 anos em França na maravilhosa cidade que é Paris. Bem há pouco tempo é que me radiquei em Portugal. Portanto, eu sei o que é viver fora. Por exemplo, no mês de Outubro, todos os fins-de-semana tive espectáculos na Suíça. Um artista sente um carinho especial quando actua para estes portugueses que labutam fora da sua terra e sentem como ninguém a palavra saudade. O convívio e a amizade são valores que só os emigrantes sabem valorizar e interpretar.

Gazeta Lusófona, 29/11/2005