terça-feira, 29 de novembro de 2011
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Percentagens
15-CORRIJA-SE A PERCENTAGEM
Anda tudo doido por causa da música portuguesa. Deve ser porque está a vender menos. É a crise. Todos sofrem com ela. O consumidor, coitado, é quem sofre mais. Desesperado, deita as mãos à cabeça, sem saber o que fazer aos 100 contos que disponibiliza todos os meses só para comprar discos portugueses. Eu próprio, ando numa angústia, a tentar adivinhar a próxima jogada de Pedro Ayres de Magalhães ou a data de lançamento do muito aguardado disco de ópera de António Manuel Ribeiro. Já nem falo do horror que deve ser para alguns a expectativa de saber se o próximo disco do Pedro Abrunhosa vai vender menos 356 ou mais 282 unidades que o anterior. O futuro o dirá. Até porque, como toda a gente sabe, muito do futuro da música portuguesa passa pelo homem dos óculos escuros. A famigerada lei da rádio está na ordem do dia. Os locutores de serviço são uns idiotas ou agentes ao serviço do Mal. As editoras clamam que eles não passam discos portugueses ao mesmo tempo que inundam as estações com material estrangeiro (leia-se ao serviço do Imperialismo) de quarta ordem que não venderá nunca mas serve para aumentar a confusão nas prateleiras das lojas. Ninguém cumpre os 50%. A principal medida, medida imediata, urgente, redentora, é a criação, já, de uma polícia especializada que, à paisana, entre portas adentro das emissoras, confira números e vírgulas e leve na ramona, sem dó nem piedade, os prevaricadores (leia-se traidores à pátria). Sei mesmo do caso de um conhecido homem da rádio que, antecipando já os dias de terror que se avizinham, sempre que põe no ar o disco do grupo pop da Transilvânia da sua preferência, corta o som. Não vá o diabo tecê-las.
Quanto a mim, junto-me ao grupo dos que consideram a percentagem de 50% irrealista. Penso que a mais correcta seria na ordem dos 47,43 por cento, com uma margem de manobra (de modo a evitar prisões prematuras) de 0,57 %, por excesso, e 0,43%, por defeito. Estou convicto que o problema se resolveria deste modo. Claro que, para respeitar equivalências e a verdade percentual da M. P. (Música Portuguesa) 46.35% daquele total seria reservado para o José Cabeleira, Marta, José Alberto Reis, Sérgio Peres Orquestra, Eduardo Sant'ana (autor do hino «Eu sou um pinga amor»), Cabanelas Música, Chiquita, Ernesto Cedovim (autor do grande sucesso «Telefonema para Cristina»), Zé Carvalho, Carla Ribeiro, Rute Marlene e todos os paladinos da genuína música portuguesa que levam a alegria e a grande arte aos recantos mais afastados do nosso Portugal. Os restantes 1,08% seriam distribuídos pelos outros. Um acto de justiça. Não devemos no entanto esperar para breve este estado ideal de coisas. Por enquanto, é uma utopia. Mas a Idade de Ouro da M. P., que ninguém duvide, mais tarde ou mais cedo, há-de chegar. Para já, temos que nos contentar com a troca de impressões e fazer de conta que todos estão a puxar para o mesmo lado. Mentes mais perversas jurariam a pés juntos (pobres esquizofrénicos!) que há quem esteja interessado em queimar, logo à nascença, certos discos de M. P., independentemente da sua qualidade. Insistem os mesmos patarocos que, periodicamente, todas as estações de rádio e de televisão, todos os jornais, todas as revistas, todas as entrevistas, todas as conversas com guião, salvo honrosas excepções, se centram num único nome, num único disco, até à exaustão. Como se a M. P., durante essa semana ou esse mês, se reduzisse em exclusivo ao afortunado que os deuses elegeram. Durante esse período nada mais existe, tudo o resto, todos os outros discos e todos os outros artistas, são deixados ao abandono, cada qual que se amanhe, há estratégias a cumprir. Diz o lunático. Milagre! O eleito atingiu vendas astronómicas, chegando, dois minutos apenas após o lançamento, a disco de hiper/Internet/Platina, com 150 exemplares vendidos só no Hipermercado (leia-ae grande superfície) da Musgueira. Os outros, zero! Escândalo! Ninguém protege a música portuguesa! Ninguém passou na rádio! Ninguém quis saber!! E os 50%? Safados! Deviam ser todos presos!
Ninguém, ninguém, poderá mudar o mundo...
Há coisas complicadas, secretas, que se dizem baixinho, de preferência em mongol. Não há muita música portuguesa de qualidade. Pois não. Mas há alguma. Pois há! Nem todos podem vender o mesmo que o Abrunhosa. Pois não! Mas todos os discos têm um público e áreas de divulgação específicas. Pois têm. Quer dizer que o ideal seria potencializar ao máximo as possibilidades de chegar ao público, e de venda, de cada um, exigindo-se para e por isso cultura e conhecimento (e vontade real) da parte de todos os agentes envolvidos, desde o AR e do promotor, ao locutor e ao empregado de balcão? Sim, quer dizer! Ah, bem, então cada disco, com a sua estética e potencial comercial específicos, deveria ser encaminhado para determinadas rádios, jornais, revistas ou lojas sensíveis ao seu conteúdo? Isso mesmo. De modo a tirar o máximo rendimento? Vês como compreendes? Um disco com hipóteses de vender 10 mil deveria apostar, dentro da sua escala, numa estratégia que visasse atingir, pelo menos, esse número.
Outro, mais «elitista», incluído numa área musical exterior ao «mainstream», com possibilidades de vender 1000, deveria, também à sua escala, ser «trabalhado» de maneira a chegar, por sua vez, a esse número, ou mais. Uma questão de escalas, portanto, de escolha acertada dos canais de divulgação e comercialização. Parece fácil? É difícil? Óbvio demais?
Ou alguém quer de facto queimar alguém e a M. P. não passa de alibi para quem unicamente pretende encher a barriga em tempo de vacas gordas? É preciso fazer algo e fazê-lo depressa. As Rutes Marlenes e os José Rezas estão ansiosos, e com razão. A música portuguesa sofre em silêncio enquanto assiste à luta de vida ou de morte entre os Blur e os Oasis. Quando chegará o tempo em que veremos os Kaganisso e os Cabanelas Música (15 mil watts de som, 20 mil watts de luz) a disputarem o ceptro do Lusipop («Lusitano pop», equivalente nacional do «Britop»)?. Pensando melhor, subo para os 47,81% (46, 30% para os verdadeiros artistas, 1,51%, para os moinantes).
Nota: Os nossos agradecimentos ao guia «Artistas & Espectáculos», verdadeira bíblia da M. P., sem o qual nunca saberíamos da existência de alguns dos artistas citados (por exemplo, Pedro Abrunhosa). Os estafermos dos locutores não divulgam!
Fernando Magalhães, jornalista do «Público», Jornal Blitz nº 591
Anda tudo doido por causa da música portuguesa. Deve ser porque está a vender menos. É a crise. Todos sofrem com ela. O consumidor, coitado, é quem sofre mais. Desesperado, deita as mãos à cabeça, sem saber o que fazer aos 100 contos que disponibiliza todos os meses só para comprar discos portugueses. Eu próprio, ando numa angústia, a tentar adivinhar a próxima jogada de Pedro Ayres de Magalhães ou a data de lançamento do muito aguardado disco de ópera de António Manuel Ribeiro. Já nem falo do horror que deve ser para alguns a expectativa de saber se o próximo disco do Pedro Abrunhosa vai vender menos 356 ou mais 282 unidades que o anterior. O futuro o dirá. Até porque, como toda a gente sabe, muito do futuro da música portuguesa passa pelo homem dos óculos escuros. A famigerada lei da rádio está na ordem do dia. Os locutores de serviço são uns idiotas ou agentes ao serviço do Mal. As editoras clamam que eles não passam discos portugueses ao mesmo tempo que inundam as estações com material estrangeiro (leia-se ao serviço do Imperialismo) de quarta ordem que não venderá nunca mas serve para aumentar a confusão nas prateleiras das lojas. Ninguém cumpre os 50%. A principal medida, medida imediata, urgente, redentora, é a criação, já, de uma polícia especializada que, à paisana, entre portas adentro das emissoras, confira números e vírgulas e leve na ramona, sem dó nem piedade, os prevaricadores (leia-se traidores à pátria). Sei mesmo do caso de um conhecido homem da rádio que, antecipando já os dias de terror que se avizinham, sempre que põe no ar o disco do grupo pop da Transilvânia da sua preferência, corta o som. Não vá o diabo tecê-las.
Quanto a mim, junto-me ao grupo dos que consideram a percentagem de 50% irrealista. Penso que a mais correcta seria na ordem dos 47,43 por cento, com uma margem de manobra (de modo a evitar prisões prematuras) de 0,57 %, por excesso, e 0,43%, por defeito. Estou convicto que o problema se resolveria deste modo. Claro que, para respeitar equivalências e a verdade percentual da M. P. (Música Portuguesa) 46.35% daquele total seria reservado para o José Cabeleira, Marta, José Alberto Reis, Sérgio Peres Orquestra, Eduardo Sant'ana (autor do hino «Eu sou um pinga amor»), Cabanelas Música, Chiquita, Ernesto Cedovim (autor do grande sucesso «Telefonema para Cristina»), Zé Carvalho, Carla Ribeiro, Rute Marlene e todos os paladinos da genuína música portuguesa que levam a alegria e a grande arte aos recantos mais afastados do nosso Portugal. Os restantes 1,08% seriam distribuídos pelos outros. Um acto de justiça. Não devemos no entanto esperar para breve este estado ideal de coisas. Por enquanto, é uma utopia. Mas a Idade de Ouro da M. P., que ninguém duvide, mais tarde ou mais cedo, há-de chegar. Para já, temos que nos contentar com a troca de impressões e fazer de conta que todos estão a puxar para o mesmo lado. Mentes mais perversas jurariam a pés juntos (pobres esquizofrénicos!) que há quem esteja interessado em queimar, logo à nascença, certos discos de M. P., independentemente da sua qualidade. Insistem os mesmos patarocos que, periodicamente, todas as estações de rádio e de televisão, todos os jornais, todas as revistas, todas as entrevistas, todas as conversas com guião, salvo honrosas excepções, se centram num único nome, num único disco, até à exaustão. Como se a M. P., durante essa semana ou esse mês, se reduzisse em exclusivo ao afortunado que os deuses elegeram. Durante esse período nada mais existe, tudo o resto, todos os outros discos e todos os outros artistas, são deixados ao abandono, cada qual que se amanhe, há estratégias a cumprir. Diz o lunático. Milagre! O eleito atingiu vendas astronómicas, chegando, dois minutos apenas após o lançamento, a disco de hiper/Internet/Platina, com 150 exemplares vendidos só no Hipermercado (leia-ae grande superfície) da Musgueira. Os outros, zero! Escândalo! Ninguém protege a música portuguesa! Ninguém passou na rádio! Ninguém quis saber!! E os 50%? Safados! Deviam ser todos presos!
Ninguém, ninguém, poderá mudar o mundo...
Há coisas complicadas, secretas, que se dizem baixinho, de preferência em mongol. Não há muita música portuguesa de qualidade. Pois não. Mas há alguma. Pois há! Nem todos podem vender o mesmo que o Abrunhosa. Pois não! Mas todos os discos têm um público e áreas de divulgação específicas. Pois têm. Quer dizer que o ideal seria potencializar ao máximo as possibilidades de chegar ao público, e de venda, de cada um, exigindo-se para e por isso cultura e conhecimento (e vontade real) da parte de todos os agentes envolvidos, desde o AR e do promotor, ao locutor e ao empregado de balcão? Sim, quer dizer! Ah, bem, então cada disco, com a sua estética e potencial comercial específicos, deveria ser encaminhado para determinadas rádios, jornais, revistas ou lojas sensíveis ao seu conteúdo? Isso mesmo. De modo a tirar o máximo rendimento? Vês como compreendes? Um disco com hipóteses de vender 10 mil deveria apostar, dentro da sua escala, numa estratégia que visasse atingir, pelo menos, esse número.
Outro, mais «elitista», incluído numa área musical exterior ao «mainstream», com possibilidades de vender 1000, deveria, também à sua escala, ser «trabalhado» de maneira a chegar, por sua vez, a esse número, ou mais. Uma questão de escalas, portanto, de escolha acertada dos canais de divulgação e comercialização. Parece fácil? É difícil? Óbvio demais?
Ou alguém quer de facto queimar alguém e a M. P. não passa de alibi para quem unicamente pretende encher a barriga em tempo de vacas gordas? É preciso fazer algo e fazê-lo depressa. As Rutes Marlenes e os José Rezas estão ansiosos, e com razão. A música portuguesa sofre em silêncio enquanto assiste à luta de vida ou de morte entre os Blur e os Oasis. Quando chegará o tempo em que veremos os Kaganisso e os Cabanelas Música (15 mil watts de som, 20 mil watts de luz) a disputarem o ceptro do Lusipop («Lusitano pop», equivalente nacional do «Britop»)?. Pensando melhor, subo para os 47,81% (46, 30% para os verdadeiros artistas, 1,51%, para os moinantes).
Nota: Os nossos agradecimentos ao guia «Artistas & Espectáculos», verdadeira bíblia da M. P., sem o qual nunca saberíamos da existência de alguns dos artistas citados (por exemplo, Pedro Abrunhosa). Os estafermos dos locutores não divulgam!
Fernando Magalhães, jornalista do «Público», Jornal Blitz nº 591
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Reco-Reco
RECO-RECO ou TRATACTUS PORCOMUSICOLOGICUS
A musicologia oficiosa é uma rosquinha de merda de porco - a estética
académica nunca desceu tão baixo; dois ou três recos jet set e mais a legião
de imbecis ministeriáveis e/ou deputáveis a roncar teorias sobre música e
mais o cochon comissário de festival suinóide e os agentes da porcaria, em
lavagices capitalizantes; pigs...etnoporquitos cor-de-rosa, instrumentistas
que aspiram a cevados compositores, famosos porcalhões do empresariado,
berrões a guinchar pelo lugar na chafurdice maxima. Acontece - umas
focinhadas na pauta e mais umas iconografias porcinas a armar ao ciberporco,
ronco-reuniões, conferências-saca-rolhas como as pirocas dos porcos;
sectores votados à música de instituições genoporcinas; netmerda de cochino
multicultural, cibercaca musical; musicografia/gamela.
Assim ficamos reduzidos a montes de estrume literário, crítica vendida à
ração, propaganda-brucelose – ainda por cima apresentando-se como porcus
musice – pocilga político-partidária de qualquer burovarrão - ...pimba
pigs...todos interligados pela música via TV, exclusivamente caganeira ligeira
em dó maior, e na rádio a debitar salsichas com emulsionantes e
conservantes; vejam lá! chama-se música àquele pacote mercantil hemorroidal
e estandardizado peidolar e grunhir...como acontece entre os porcalhões no
lar-doce-lar: putedo de marrã, paneleiragem, peidofilia, fressura, e
vice-versa de erotismo cropófago...lamentável! pigs...não interessam nem à
Musicologia nem à Veterinária nem ao menino Jesus... narinas de reco, tomadas
eléctricas conectadas ao talho da censura, traques badalhocos via satélite,
bandeira-forriqueira-cagofonia, terrorismo escroto de berrão - onde os
artiodáctilos suídeos se emboligam tipo perfodança ao som de cagadelas new
wave...pigs... fato com reflexos asa de mosca da merda, e gravata porky: em
limusinas matadouros; mamões! sempre a cobiçar um lugar no pestilento
pocilgo da publicidade; varas de júris suinomusicólogos, só para punir ou
eleger as estrelas do estrume, pela rara sabedoria de imitar, continuar a
fétida pseudo-música canónica; camarilha a babar ideologia musical sebenta,
indigna dum leitão da Bairrada que se preze. Pusmoderno, porcópera,
escatomerdalogia sónica.
Filas de porquinhos lambões a baterem-se à condecoração, ao prémio, ao
subsídio chorudo.
Trabalho multimerda suplementado por uma hóstia de schwein mal cagada dita
CD; infodarte reca; um chiqueiro sonoro mixfedor...pigs...enfim...pigs... moral da
história: quanto mais a porcalogia musical alçava o rabo mais o sumo
porcalhote lhe enterrava o nabo...os sons que daí se ouviam eram escatofetos
uma suínaria inaudível....tudo uma grande porcaria...pigs...estamos ameaçados por
uma nova espécie genética:
o musoporco.
para o forno, orelhas bem tostadinhas, JÁ!
Jorge Lima Barreto
Reco-reco tratactus porcomusicologicus "farpas", avulso, Porto 2002
http://homepage.mac.com/vitor.rua/iblog/C633734543/E694259357/index.html
---
outros artigos publicados no Jornal de Letras:
da música ligeira portuguesa - entre a Sé de Braga e Nova Iorque, JL
A popereta nós pimba nós pimba, JL
a canção ligeira portuguesa, JL
Abrunhosa e carapinha, JL
A musicologia oficiosa é uma rosquinha de merda de porco - a estética
académica nunca desceu tão baixo; dois ou três recos jet set e mais a legião
de imbecis ministeriáveis e/ou deputáveis a roncar teorias sobre música e
mais o cochon comissário de festival suinóide e os agentes da porcaria, em
lavagices capitalizantes; pigs...etnoporquitos cor-de-rosa, instrumentistas
que aspiram a cevados compositores, famosos porcalhões do empresariado,
berrões a guinchar pelo lugar na chafurdice maxima. Acontece - umas
focinhadas na pauta e mais umas iconografias porcinas a armar ao ciberporco,
ronco-reuniões, conferências-saca-rolhas como as pirocas dos porcos;
sectores votados à música de instituições genoporcinas; netmerda de cochino
multicultural, cibercaca musical; musicografia/gamela.
Assim ficamos reduzidos a montes de estrume literário, crítica vendida à
ração, propaganda-brucelose – ainda por cima apresentando-se como porcus
musice – pocilga político-partidária de qualquer burovarrão - ...pimba
pigs...todos interligados pela música via TV, exclusivamente caganeira ligeira
em dó maior, e na rádio a debitar salsichas com emulsionantes e
conservantes; vejam lá! chama-se música àquele pacote mercantil hemorroidal
e estandardizado peidolar e grunhir...como acontece entre os porcalhões no
lar-doce-lar: putedo de marrã, paneleiragem, peidofilia, fressura, e
vice-versa de erotismo cropófago...lamentável! pigs...não interessam nem à
Musicologia nem à Veterinária nem ao menino Jesus... narinas de reco, tomadas
eléctricas conectadas ao talho da censura, traques badalhocos via satélite,
bandeira-forriqueira-cagofonia, terrorismo escroto de berrão - onde os
artiodáctilos suídeos se emboligam tipo perfodança ao som de cagadelas new
wave...pigs... fato com reflexos asa de mosca da merda, e gravata porky: em
limusinas matadouros; mamões! sempre a cobiçar um lugar no pestilento
pocilgo da publicidade; varas de júris suinomusicólogos, só para punir ou
eleger as estrelas do estrume, pela rara sabedoria de imitar, continuar a
fétida pseudo-música canónica; camarilha a babar ideologia musical sebenta,
indigna dum leitão da Bairrada que se preze. Pusmoderno, porcópera,
escatomerdalogia sónica.
Filas de porquinhos lambões a baterem-se à condecoração, ao prémio, ao
subsídio chorudo.
Trabalho multimerda suplementado por uma hóstia de schwein mal cagada dita
CD; infodarte reca; um chiqueiro sonoro mixfedor...pigs...enfim...pigs... moral da
história: quanto mais a porcalogia musical alçava o rabo mais o sumo
porcalhote lhe enterrava o nabo...os sons que daí se ouviam eram escatofetos
uma suínaria inaudível....tudo uma grande porcaria...pigs...estamos ameaçados por
uma nova espécie genética:
o musoporco.
para o forno, orelhas bem tostadinhas, JÁ!
Jorge Lima Barreto
Reco-reco tratactus porcomusicologicus "farpas", avulso, Porto 2002
http://homepage.mac.com/vitor.rua/iblog/C633734543/E694259357/index.html
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outros artigos publicados no Jornal de Letras:
da música ligeira portuguesa - entre a Sé de Braga e Nova Iorque, JL
A popereta nós pimba nós pimba, JL
a canção ligeira portuguesa, JL
Abrunhosa e carapinha, JL
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
A educação dos gostos
É curiosa a forma como alguma imprensa e alguns jornalistas abordam o fenómeno da música pimba: à sobranceria intelectual de uns, soma-se o carácter leigo e superficial na análise de outros. É extraordinariamente fácil invocar argumentos mais ou menos invectivos que remetam esta casta musical para um subserviente estado de futilidade e de redundância artística. O que é mais difícil de descortinar e de analisar é toda a envolvência sócio-cultural que favoreceu o despontar maciço e quase despótico desta manifestação musical, assim como procurar uma justificação plausível para o inultrapassável sucesso que suscita entre o povo português (temática suficientemente dissecada por Jorge Lima Barreto na sua arguta análise musicológica e semiótica no livro «Musa Lusa»). Quer se queira quer não, a inefável realidade é que a música pimba - apesar do padecimento constrangedor ao nível das formas estéticas e do conteúdo linguístico-semântico -, exerce uma irrefutável função socializadora e mobilizadora de massas; por isso não me repugna nem me surpreende, por ser tão óbvia a intenção, que os candidatos à Autarquia da Guarda se façam rodear de cantores pimba nas suas campanhas políticas. Há uma lógica estratégica por detrás desta iniciativa que não tem a ver propriamente com a veiculação de valores culturais: a presença destes artistas não belisca em nada a estirpe política dos candidatos pela simples razão que servem apenas como isco para chamarem gente aos comícios, da mesma forma que Quim Barreiros esgota as festas académicas por esse país fora. As coisas são como são: na política, não se seduzem as massas ao som de Diamanda Galás, de Carlos Zíngaro ou de Schönberg (Guterres teve êxito com Vangelis, mas isso é outra história). Por outro lado, Luís Filipe Reis agradece que assim seja pelo que o oportunismo existe das duas partes.
Joaquim Igreja afirmou nestas páginas que não acredita na imagem de uma juventude de gostos musicais inconformistas, visto que a "lógica comercial submerge tudo". Tudo? Não creio. Apesar do estonteante processo de massificação e estandardização dos modelos culturais vigentes, da tenebrosa capacidade de coacção/alienação perpetrada pelos mass media que viabiliza o fenómeno pimba, apesar ainda, da gritante iliteracia existente em Portugal, tenho a convicção inabalável que subsiste no nosso país uma parcela considerável da juventude que, de forma crítica e conscienciosa, se desmarca da cultura da frivolidade e, no dizer de Lipovetsky, do «império do efémero», procurando modelos de identificação culturais alternativos (cf. a «imensa minoria» que ficou órfã pelo desaparecimento da única rádio com preocupações culturais e educativas, a XFM).
Numa recente Oficina Musical para jovens músicos, por mim orientada, deparei-me com cerca de vinte jovens que tinham as ideias muito bem assentes, que sabiam distinguir o essencial do acessório, que sabiam compreender a multiplicidade de expressões artísticas em geral e musicais em particular, que tanto gostavam de rock como de free-jazz, de música experimental como de clássica. Interpelados sobre o que opinavam acerca do fenómeno pimba, um deles foi sucinto mas lapidar na apreciação: "simplista e oportunista". Simplista já se sabe como e porquê, oportunista porque versada para a fácil rentabilização económica e para o fomento do «mau gosto instituído», no dizer de Sérgio Godinho. O gosto musical educa-se e forma-se ao longo do tempo, consoante o tipo de aculturação a que se é sujeito, pelo que existem muitos jovens que odeiam tudo quanto representam as Spice Girls ou o Pedro Abrunhosa.
Contudo, no lamacento mundo da música pimba, nem tudo o que parece é: a cantora Romana, sobrinha da Ágata, afirmou recentemente na televisão que apenas canta canções pimba porque só desta forma consegue ganhar muito dinheiro, e que se pudesse, faria música de que realmente gosta: tecno hardcore, estilo musical situado nos antípodas do pimba e do gosto popular. Neste caso, sim, a tal lógica comercial, o apelo da fama emergente e do dinheiro escorreito submerge a própria auto-vontade de criar a música de que se gosta, premissa que não se coaduna, mesmo assim, com todas as circunstâncias da vida cultural/musical portuguesa e dos desejos de toda a juventude.
Ao não conceber ou compreender a existência e necessidade de gostos musicais inconformistas, alheados das manifestações de moda e do consumismo desbocado ( constate-se a verdadeira paranóia das vendas do disco «A Candle in the Wind» de Elton John), é pactuar com um certo pensamento que glorifica a iniquidade decadentista, que subalterniza e empobrece alguns valores primordiais para a fundamentação de uma (contra)cultura alternativa: o direito a assumir a diferença nos gostos, no estilo de vida, na postura exterior e mental (ser-se um «moderno primitivo», por exemplo), o direito a cogitar perturbando mentalidades instituídas segundo padrões de vida que não se ensinam na escola, o direito a desencardir ignóbeis parâmetros sócio-culturais , o direito a criar formas de arte provocatórias, incómodas e agressivas para o senso comum.
Por mais violento que seja o marketing comercial, por mais extenuada e opressora se torne a sociedade mediatizada nunca se conseguirá a sonegação total das formas livres de pensar, optar e de agir. Haverá sempre quem prefira ser «outsider» do sistema estabelecido que usurpa a vontade e corrói os valores. Para bem do ideal democrático, da liberdade de expressão e da própria sanidade mental.
Victor Afonso, Professor de Educação Musical
Terras da Beira, 18/09/1997
http://www.freipedro.pt/tb/180997/opin3.htm
Joaquim Igreja afirmou nestas páginas que não acredita na imagem de uma juventude de gostos musicais inconformistas, visto que a "lógica comercial submerge tudo". Tudo? Não creio. Apesar do estonteante processo de massificação e estandardização dos modelos culturais vigentes, da tenebrosa capacidade de coacção/alienação perpetrada pelos mass media que viabiliza o fenómeno pimba, apesar ainda, da gritante iliteracia existente em Portugal, tenho a convicção inabalável que subsiste no nosso país uma parcela considerável da juventude que, de forma crítica e conscienciosa, se desmarca da cultura da frivolidade e, no dizer de Lipovetsky, do «império do efémero», procurando modelos de identificação culturais alternativos (cf. a «imensa minoria» que ficou órfã pelo desaparecimento da única rádio com preocupações culturais e educativas, a XFM).
Numa recente Oficina Musical para jovens músicos, por mim orientada, deparei-me com cerca de vinte jovens que tinham as ideias muito bem assentes, que sabiam distinguir o essencial do acessório, que sabiam compreender a multiplicidade de expressões artísticas em geral e musicais em particular, que tanto gostavam de rock como de free-jazz, de música experimental como de clássica. Interpelados sobre o que opinavam acerca do fenómeno pimba, um deles foi sucinto mas lapidar na apreciação: "simplista e oportunista". Simplista já se sabe como e porquê, oportunista porque versada para a fácil rentabilização económica e para o fomento do «mau gosto instituído», no dizer de Sérgio Godinho. O gosto musical educa-se e forma-se ao longo do tempo, consoante o tipo de aculturação a que se é sujeito, pelo que existem muitos jovens que odeiam tudo quanto representam as Spice Girls ou o Pedro Abrunhosa.
Contudo, no lamacento mundo da música pimba, nem tudo o que parece é: a cantora Romana, sobrinha da Ágata, afirmou recentemente na televisão que apenas canta canções pimba porque só desta forma consegue ganhar muito dinheiro, e que se pudesse, faria música de que realmente gosta: tecno hardcore, estilo musical situado nos antípodas do pimba e do gosto popular. Neste caso, sim, a tal lógica comercial, o apelo da fama emergente e do dinheiro escorreito submerge a própria auto-vontade de criar a música de que se gosta, premissa que não se coaduna, mesmo assim, com todas as circunstâncias da vida cultural/musical portuguesa e dos desejos de toda a juventude.
Ao não conceber ou compreender a existência e necessidade de gostos musicais inconformistas, alheados das manifestações de moda e do consumismo desbocado ( constate-se a verdadeira paranóia das vendas do disco «A Candle in the Wind» de Elton John), é pactuar com um certo pensamento que glorifica a iniquidade decadentista, que subalterniza e empobrece alguns valores primordiais para a fundamentação de uma (contra)cultura alternativa: o direito a assumir a diferença nos gostos, no estilo de vida, na postura exterior e mental (ser-se um «moderno primitivo», por exemplo), o direito a cogitar perturbando mentalidades instituídas segundo padrões de vida que não se ensinam na escola, o direito a desencardir ignóbeis parâmetros sócio-culturais , o direito a criar formas de arte provocatórias, incómodas e agressivas para o senso comum.
Por mais violento que seja o marketing comercial, por mais extenuada e opressora se torne a sociedade mediatizada nunca se conseguirá a sonegação total das formas livres de pensar, optar e de agir. Haverá sempre quem prefira ser «outsider» do sistema estabelecido que usurpa a vontade e corrói os valores. Para bem do ideal democrático, da liberdade de expressão e da própria sanidade mental.
Victor Afonso, Professor de Educação Musical
Terras da Beira, 18/09/1997
http://www.freipedro.pt/tb/180997/opin3.htm
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